Pesquisas da Embrapa apontam potencial do plantio de algodão em Roraima

Foto: Freepik/@Racool_studio
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Há mais de 30 anos, o pesquisador Wellington do Ó, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Roraima (Embrapa – RR), se dedica a pesquisas no setor agrícola. Recentemente, os esforços têm se concentrado na cultura do algodão, considerada uma das mais promissoras para o estado.

Os estudos buscam adaptar o algodão ao lavrado de Roraima, introduzindo variedades mais resistentes da planta e desenvolvendo técnicas de manejo específicas para o estado. Segundo Wellington, a combinação de condições climáticas favoráveis e um calendário de plantio estratégico, aproveitando a entressafra brasileira, pode posicionar o estado como um importante produtor de algodão.

“Nós já indicamos variedades melhoradas geneticamente com boa produtivadade. Em média, uma área plantada no estado pode atingir até 4,5 toneladas de algodão por hectare, isso mostra que a produção é viável no estado”, afirmou o pesquisador.

Além do alto valor comercial da fibra e sua constante demanda no mercado nacional e internacional, o cultivo de algodão pode oferecer benefícios ambientais, como a melhoria da qualidade do solo quando alternado com culturas como soja e milho. Essa prática, conhecida como rotação de culturas, reduz a incidência de pragas e doenças, trazendo ganhos para a sustentabilidade agrícola.

Os plantios alternados podem quebrar o ciclo de micro-organismos que causam doenças específicas de cada planta, funcionando como um “vazio sanitário” para o solo. Por exemplo, ao plantar soja todos os anos, as doenças e pragas associadas a ela se acumulam, exigindo mais uso de agrotóxicos.

Já alternando com milho e algodão, essas pragas não encontram o hospedeiro ideal, reduzindo sua proliferação e, consequentemente, a necessidade de químicos. Essa prática torna a produção mais sustentável, protege o solo e diminui os custos.

☁️ Incentivo

 

Apesar do potencial, o algodão ainda não é uma cultura tradicional em Roraima. Na tentativa de mudar esse cenário, a Secretaria Estadual de Agricultura (Seadi) e a Embrapa, disponibilizaram um plantio demonstrativo no Parque de Exposições Dandãezinho, uma vitrine tecnológica para informar os produtores locais sobre as vantagens e os desafios dessa cultura.

Segundo Sausalém Bastos, coordenador da Agricultura Familiar e Indígena em Roraima, a matéria prima do algodão é usada na indústria têxtil, farmacêutica e na alimentação humana e animal, tendo boa saída no mercado. “Nós buscamos incentivar os produtores a diversificar os plantios e o algodão tem se mostrando uma boa alternativa, inclusive para o desenvolvimento socioeconômico”, disse.

Roraima já teve experiências com o cultivo comercial de algodão em 2015, quando um grupo de produtores obteve uma colheita de alta qualidade em quase 100 hectares. Nos anos seguintes, houve investimentos em áreas maiores, acima de 1.500 hectares.

No entanto, o custo de produção ainda é um desafio para expandir o plantio em larga escala. A introdução de variedades geneticamente melhoradas e a alta demanda do mercado consumidor são fatores que podem reverter esse quadro, incentivando novos investimentos na cultura.

“Já existe mercado consumidor para a produção roraimense. Temos os países do Caricom (bloco de cooperação econômica e política que reúne países do Caribe) e temos Guiana que tem se mostrando um dos principais parceiros comerciais de Roraima”, afirmou Sausalém Bastos.

Com potencial comprovado, o algodão deve ganhar espaço no calendário agrícola de Roraima. Conforme o Secretário de Atração de Investimentos, Aluizio Nascimento, para 2025, os agricultores já planejam plantar cerca de 1 mil hectares no estado.

Produtores interessados podem visitar o plantio demonstrativo no Parque de Exposições Dandãezinho, entrando em contato com a Secretaria Estadual de Agricultura para mais informações.

Fonte: G1.

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