País é casa para quatro espécies; junto aos muriquis, são os maiores primatas das Américas

“Os macacos-aranha são primatas importantes para a floresta, que precisam de uma grande área de mata preservada para sobreviver. Considerados animais-bandeira, são espécies guarda-chuva para a conservação, no entanto, infelizmente estão ameaçados de extinção, vítimas da devastação do habitat e da caça ilegal”, explica o primatólogo Fabiano Melo.
Essa é a realidade das quatro espécies de macacos-aranha que vivem no Brasil: macaco-aranha-preto (Ateles chamek), o macaco-aranha-da-cara-vermelha (Ateles paniscus), o macao-aranha-da-testa-branca (Ateles marginatus) e o macaco-aranha-do-peito amarelo (Ateles belzebuth). O grupo conta ainda com outras três espécies que não ocorrem no País. “As sete espécies conhecidas no mundo são exclusivas das Américas “, destaca.
- Junto com os muriquis, os macacos-aranha são os maiores primatas do continente americano;
- Pesam cerca de 10 quilos;
- Se alimentam de frutas;
- Chegam a viver mais de 30 anos;
- As fêmeas dão a luz a um filhote por gestação e cuidam dele por até três anos
“Uma curiosidade sobre esses primatas é o comportamento de movimentação, que chamamos de braquiação: eles andam pelas copas ‘braquiando’, usando os dois braços para se movimentar rapidamente, e se segurando com a cauda, que funciona como um quinto membro”, diz Melo.
Macaco-aranha-preto (Ateles chamek)
Também conhecido como coatá e macaco-aranha-de-cara-preta, o macaco-aranha-preto não é exclusivo do Brasil, já que pode ser encontrado também na Bolívia e no Peru. Por aqui, vive principalmente na Amazônia Ocidental, nos estados do Acre, Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Pará.
Parte dessa região é chamada de “arco do desmatamento” o que impacta diretamente na vida do primata – que vem sofrendo declínio populacional. A espécie é classificada como Vulnerável, na lista de espécies brasileiras ameaçadas de extinção, e “Em Perigo” em escala global, pela IUCN (International Union for Conservation of Nature).
Além de diferenças na área de ocorrência, as características físicas o diferencia dos outros macacos-aranha “brasileiros”. “O chamek tem a face bem preta, com um pouco da cara sem pelo nenhum”.
Macaco-aranha-da-cara-vermelha (Ateles paniscus)
“O macaco-aranha-da-cara-vermelha é um bicho bem interessante. Como o próprio nome diz, a coloração da pele da cara, onde não tem pelo, é vermelha”, explica Melo.
No Brasil, esse primata ocorre nos estados do Pará, Roraima, Amapá e Amazonas, mas também vive na Guiana, Guiana Francesa e no Suriname. A classificação global na lista de espécies ameaçadas é Vulnerável, vítima da expansão urbana, desmatamento, agricultura e da caça. “O macaco-aranha-de-cara-vermelha ainda é muito consumido por aldeias indígenas”, destaca.

Macaco-aranha-da-testa-branca (Ateles marginatus)
“O macaco-aranha-da-testa-branca é um dos mais fáceis de identificar, já que ele possui barbicha e testa branca, bem diferente dos demais”, ressalta Melo.
A espécie também é conhecida popularmente como cuamba, no Pará, e guatá, no Mato Grosso, os únicos dois estados em que ocorre.
O primata está avaliado como ‘Em Perigo’ na lista de espécies ameaçadas de extinção. Estima-se um declínio populacional de pelo menos 50% ao longo dos próximos 45 anos. As ameaças são as mesmas que atingem os outros macacos-aranha, no entanto, existe um agravante: Ateles marginatus é a espécie do gênero com menor conhecimento científico.
Macaco-aranha-do-peito-amarelo (Ateles belzebuth)
A espécie ocorre em outros países da América do Sul: Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. No Brasil habita parte dos estados do Amazonas e Roraima, coincidindo com a Terra Indígena Yanomami. De acordo com o ICMBio, lá a espécie é preferencialmente caçada. Por essa e outras razões, estima-se uma redução de pelo menos 30% da população ao longo de três gerações (45 anos).
O macaco-aranha-do-peito-amarelo é classificado nacionalmente como ‘Vulnerável ‘e globalmente como ‘Em Perigo’ de extinção.
“Esse macaco-aranha tem uma coloração esbranquiçada tendendo a amarela no corpo, mais no ventre, o que é bem diferente dos outros”, explica Melo.