Empresas que degradaram áreas de mata nativa na Amazônia estão aderindo a um projeto de recuperação.
As mudas vão de barco e de mão em mão chegam à comunidade. Cada um faz a sua parte, recompondo o meio ambiente.
Só que com uma diferença: os ribeirinhos ganham mais que os benefícios trazidos pela natureza. Daqui a três anos, eles vão colher os frutos dos pés de açaí. Mas a primeira renda pelo plantio já caiu. Foram dez mudas: R$ 140 na conta. Lucro por muda e pela terra cedida.
O projeto é de uma startup que atende empresas que são obrigadas a certificar ações ambientais e também qualquer pessoa que queira ter uma comprovação de que plantou na Amazônia, mas que, muitas vezes, não conseguem ir até a floresta cumprir a missão. Então, elas encomendam por um aplicativo gratuito.
Em todo o processo estão viveiristas, plantadores e donos de terra. Cada um ganha em torno de R$ 7 por muda. Só em uma comunidade, 35 famílias estão cadastradas.
A foto depois de plantar é obrigatória. Só assim, a planta é georreferenciada e pode ser avistada de qualquer lugar do mundo por satélite no aplicativo. É só depois de registrar o plantio, gerar o código de GPS e pedir o certificado que a conta é acertada. Quem planta e ainda é dono da terra ganha duas vezes.
Para o produtor rural Istônio Corrêa, não é só o dinheiro que importa.
As mudas saem de um viveiro muito bem cuidado. O projeto tem quatro cadastrados: um fica em São Paulo; no Amazonas, são três.
O de uma fazenda no município de Itacoatiara vem acompanhado de uma história importante de reflorestamento. O lugar foi área de um pasto malsucedido. Uma área de mais de 3 mil hectares foi recomposta por castanheiras. Por lá, são mais de 1 milhão de pés plantados ao longo de 50 anos. Raimundo Nonato, gerente operacional da Fazenda, acompanhou muito dessa transformação.
A fazenda já começou a vender e plantar mudas pelo projeto de reflorestamento remunerado. O lugar produz cerca de 150 mil mudas de castanheiras por ano. Muitas também são doadas para acelerar a recomposição do meio ambiente devastado em muitas áreas. Cem delas foram parar na propriedade do produtor rural José Ferreira, que sempre foi um plantador nato.
Hoje o projeto da startup começou a georreferenciar a plantação antiga dele e incentivar novas como meio de renda.
A produtora rural Felisbela Ferreira tem consciência de que quem planta, colhe e, literalmente, tem nas mãos, o futuro.