Editorial por Luis Miguel Modino*
A humanidade tem futuro sem a Amazônia? Poderíamos dizer que essa pergunta se faz necessária diante da atual conjuntura planetária. Essa reflexão está presente no 35º Congresso Internacional da SOTER, a Sociedade de Teologia da Religião que está acontecendo nesta semana, e que aborda o tema: “A Amazônia e o futuro da humanidade”.
O Sínodo para a Amazônia voltou os olhares da Igreja e da sociedade planetária para a região amazônica e ajudou a tomar consciência da necessidade de novos caminhos para uma ecologia integral, para o cuidado da casa comum, dos biomas, especialmente de um bioma com uma importância decisiva para o cuidado com a vida, como é o bioma amazônico. Por isso, podemos dizer que sem a Amazônia, o futuro da humanidade se complica e muito.
As riquezas da Amazônia são enormes e uma Amazônia preservada é bem mais interessante do que uma Amazônia depredada, inclusive do ponto de vista econômico, uma ideia defendida recentemente por um dos grandes cientistas brasileiros, Carlos Nobre, mas algo que não é entendido por muita gente, inclusive por muita gente que mora na Amazônia.
No Congresso da SOTER eu tive uma intervenção onde fazia um chamado a visualizar as riquezas, algo que pode ajudar a superar os preconceitos presentes em muitas mentalidades no Brasil e no mundo afora. A vida que encerra a floresta e os povos que a habitam podem nos ajudar a priorizar aquilo que é decisivo na vida e no futuro da humanidade. Isso é algo que não pode ser calado, escondido, invisibilizado.
Esse também é um desafio para a Igreja que está na Amazônia, uma Igreja encarnada e libertadora, que acompanha a vida e culturas presentes na região desde a interculturalidade, uma atitude decisiva no futuro da região e em consequência da humanidade como um todo. Entender que a diversidade cultural, os distintos olhares e compreensões da realidade, enriquecem a vida de todos e todas os que se aproximam dessas realidades se torna um desafio cada vez mais urgente.
O que fazer cada um de nós e todos juntos como sociedade, como Igreja? Como evitar o risco de entrar em dinâmicas que coloquem em grave perigo o futuro da humanidade? Como promover uma toma de consciência pessoal e comunitária em favor do cuidado? Quais os passos a serem dados para ter um olhar diferente, que fomente o cuidado em relação à Amazônia e aos povos que a habitam?
É tempo de parar e juntos encontrar caminhos concretos que ajudem no futuro da humanidade. O tempo tem se tornado uma ameaça, que só será vencida com o empenho de todos, também com meu empenho, com seu empenho. Não podemos continuar olhando para o outro lado, e ainda menos apoiando iniciativas que coloquem em risco o futuro da humanidade, o teu futuro, o meu futuro, o nosso futuro.
*Com informações do site Rádio Rio Mar