Saiba como funcionam as infovias que levam internet a cidades da Amazônia

(Foto: Infográfico Anatel)
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Submersos nos rios da Amazônia, os cabos que transportam fibra óptica para cidades da região Norte surgem como esperança para melhorar a conexão banda larga. Historicamente, o isolamento geográfico desses lugares e a falta de investimento em telecomunicações contribuem para a má qualidade do sinal de internet. No dia 1º de agosto deste ano, a EAF (Entidade Administradora de Faixa), criada por determinação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), começou a instalar as infovias na Amazônia, conforme prevê o programa Norte Conectado, do governo federal.

Como as infovias são estruturadas?

“O cabo vem através do leito do rio e entra numa tubulação plástica que foi instalada por método não destrutivo até a caixa de ancoragem, onde ele é fixado e é onde ele é emendado com cabo óptico terrestre. É a infraestrutura que suporta o sistema de transmissão óptica, que ilumina essas fibras e faz a transmissão de dados”, disse Fernando César Araújo, gerente de projetos da EAD (Entidade Administradora da Digitalização de Canais de TV e RTV) Seja Digital.

A principal função das infovias é transportar sinal de internet por fibra óptica, que é um meio de transporte de informação. São cabos compostos por camadas plásticas transparentes que refletem luz para o núcleo da estrutura. O transporte desses cabos ópticos é feito nas demais regiões do Brasil por meio terrestre, mas na região amazônica, eles foram lançados nos rios por causa do restrito acesso rodoviário aos municípios. Segundo a Anatel, as estruturas foram aprovadas pelos órgãos ambientais dos estados e os impactos ao meio ambiente são mínimos.

Oito infovias interligarão municípios localizados entre Manaus e Santarém (PA); Tefé (AM) e Atalaia do Norte (AM); Macapá (AP) e Belém (PA); Vila de Moura (AM) e Boa Vista (RR); Itacoatiara (AM) e Porto Velho (RO); Manacapuru (AM) e Rio Branco (AC); Novo Airão (AM) e São Gabriel da Cachoeira (AM); e Tabatinga (AM) e Cruzeiro do Sul (AC). Veja a lista completa de cidades por onde as infovias passarão.

A EAF tem até o final de 2026 para operacionalizar a instalação das infovias. Segundo a Anatel, o projeto custa R$ 1,5 bilhões. Cada infovia, após o término da instalação, passa a ser operada por um só consórcio.

Um dos objetivos da instalação dessas estruturas é permitir que cidades do Norte tenham internet banda larga de qualidade, possibilitando o melhor funcionamento da rede 5G na região, de acordo com a liberação da Anatel.

Além disso, a fibra óptica possibilitará o melhoramento de serviços essenciais, como saúde e educação, conforme prevê o projeto. Veja aqui os compromissos da Anatel com a instalação da rede 5G no Brasil.

As empresas de internet que quiserem aderir à banda larga com fibra óptica para oferecer o serviço a residências e estabelecimentos comerciais deverão negociar com o consórcio responsável por manter os cabos.

A fibra óptica não vai ampliar a cobertura de sinal de operadoras de telefonia móvel, vai apenas melhorar o sinal já existente. As operadoras deverão fazer acordos comerciais com os consórcios operantes.

A Anatel informou que o Exército brasileiro já lançou dois trechos de infovias: de Manaus a Tefé, pelo Rio Solimões, e o trecho de Manaus a São Gabriel da Cachoeira, pelo Rio Negro. O Ministério das Comunicações coordenou a instalação da infovia de Macapá a Santarém, e de Manaus a Santarém, que também já estão em funcionamento.

“No edital 5G, foram colocados compromissos para as demais infovias: que são as infovias 02 até 08, que vão de Tefé até a divisa com a Colômbia, em Tabatinga e Atalaia do Norte; a 03, de Macapá a Belém. Então, com essas duas, a gente vai ter cabos ópticos de Belém até a divisa com a Colômbia”, disse Sidney Azeredo Nince, assessor da Superintendência de Outorgas e Recursos à Prestação da Anatel.

A infovia que chegará à tríplice fronteira também é de interesse da Colômbia. Na última quinta-feira (17), o governador do Amazonas, Wilson Lima, e o embaixador da República da Colômbia no Brasil, Guillermo Rivera, participaram de uma reunião em Brasília (DF) com o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, para que a cidade colombiana de Letícia também seja beneficiada com os cabos que transportarão o sinal por fibra óptica na região.

“Agora, no segundo semestre, vai acontecer o lançamento do cabo óptico de três infovias: infovia 02, 03, e 04. Dessas infovias, que são cerca de 2.300 quilômetros, os cabos já foram adquiridos, fabricados e já chegaram a Manaus. Segunda-feira (14) terminou o que a gente chama de transbordo, que é a transferência do cabo do navio, que vem da fábrica para a balsa de lançamento no rio e, agora, no final de agosto, deve se iniciar o lançamento da infovia 04”, disse Sidney Azeredo.

Para Marcos Simão, engenheiro eletricista da área de telecomunicações, a instalação da fibra óptica na região amazônica vai beneficiar, principalmente, a educação. “Hoje, por exemplo, o governo do estado gasta milhões pra transmitir aulas via satélite. Isso aí é muito caro. Você tendo uma internet rápida com a fibra óptica, isso vai beneficiar muito o pessoal do interior. O interior sofre demais com a falta de internet”, disse.

Simão alerta, no entanto, que é necessário que a entidade responsável pela instalação das estruturas e o consórcio operante tenham alternativas para casos de incidentes. Ele diz que é necessário ter um “plano b”. “Hoje, Manaus, tem várias saídas pra você acessar a internet a nível mundial. Você sai por satélite, tem fibra óptica que vem do linhão de Tucuruí, tem uma fibra óptica saindo para Roraima e para Porto Velho. Então, isso aí chama-se contingência. Se falhou por aqui, sai por ali, não interrompe”, disse Marcos Simão.

Em Tabatinga (a 1.106 quilômetros de Manaus), os moradores sabem bem o que é não ter internet. O sinal até melhorou com a comercialização da conexão via satélite, mas somente 8,73% das residências do municípios têm acesso à rede.

“Até pouco menos de um ano, nossa realidade aqui era a seguinte: quem tem empresa, tem que pagar numa média de de R$ 3 mil pra ter 1 mega de velocidade. Eu, por exemplo, gastava aqui, no meu polo, R$ 4.800 pra chegar, teoricamente, 2 megas pra mim, mas nunca chegava”, disse Alexandre Pinheiro, diretor de um polo universitário em Tabatinga.

Alexandre conta que, mesmo com a instalação das infovias, vai continuar usando a internet que adquiriu como alternativa, mas espera que os cabos de fibra óptica do programa do governo sejam eficazes. “Esse projeto da infovia é algo que eu ouvi falar há oito anos atrás. E sempre o pessoal vem falando e parece que agora realmente a coisa vai acontecer”, disse.

*Com informações do site Amazonas Atual

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