Plantio de soja avança sobre os biomas da Amazônia e Pantanal mato-grossenses

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Divulgação

Em Mato Grosso, o plantio de soja aumenta 68% no bioma amazônico e também cresce 6,5% na região pantaneira. Nas propriedades localizadas nos municípios que integram a Amazônia mato-grossense o cultivo da soja passou de 4,6 milhões para 7,7 milhões de hectares entre 2011 a 2020. No Pantanal, a área plantada expande de 325.071 para 346.378 hectares, no mesmo período, conforme informações fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a pedido do Jornal A Gazeta.

O avanço das plantações combinado ao ganho de produtividade com investimentos em novas tecnologias fez a produção estadual subir 81,5% nos municípios mato-grossenses enquadrados na Amazônia Legal. Em 9 anos, a colheita do grão saltou de 15 milhões para 27,3 milhões de toneladas nestas áreas, detalha o IBGE. No Pantanal, apesar da expansão, a produção teve uma pequena queda (1,8%), recuando de 1,157 milhão (ha) para 1,179 milhão (t), neste mesmo intervalo.

“Novas fronteiras seguem sendo abertas, principalmente nos biomas cerrado, partindo também para o amazônico”, observa o supervisor de Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do IBGE, Winícius de Lima Wagner. De acordo com ele, a sojicultura avança numa sucessão natural à exploração da madeira e de pastagens, favorecida pelas condições climáticas em Mato Grosso. “A soja tem a tendência de se estabelecer em áreas anteriormente exploradas pela pecuária”, reforça.

Sobre o ritmo mais lento da evolução da sojicultura no Pantanal mato-grossense em comparação com a Amazônia, Wagner explica que as áreas de preservação em regime de inundação no bioma impedem que haja uma grande expansão para dentro da planície pantaneira, que é a maior área alagada do planeta.

“Neste caso, a maior parte da área destinada ao agronegócio no Pantanal acaba sendo reservada para a criação de gado. O cultivo de soja se restringe, portanto, às áreas de planalto”, diz.

A predominância de estações bem definidas de chuva e seca no Centro-Oeste ajuda na expansão da produção de grãos no Planalto Central, principalmente do cultivo da soja, milho e algodão, mantendo duas safras por ano, observa o supervisor da PAM/IBGE.

Investimentos no pacote tecnológico nas últimas décadas também propiciaram um salto de produtividade e produção nessas áreas. “O rendimento médio subiu de forma significativa nos últimos 30 anos, principalmente no cerrado”.

A expansão da soja no cerrado ocorreu na 2ª metade do século 20, justamente pelas condições climáticas propícias do solo e clima no cerrado, permitindo o cultivo de duas safras na região, contextualiza Wagner. “Principalmente os colonos do Sul do país acabaram desbravando o CentroOeste, em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, subindo para região amazônica, onde continua acontecendo hoje”, observa.

Arrendamento

Atualmente o Brasil é o maior produtor mundial de soja, à frente dos Estados Unidos (EUA), tendo o Centro-Oeste brasileiro a principal região produtora do país e Mato Grosso o líder nacional na produção.

Com o aumento da cotação da soja no mercado internacional, o produtor segue procurando ampliar as áreas de cultivo. Neste caso, novas fronteiras agrícolas vão sendo abertas, ainda no bioma Cerrado e avançando para a Amazônia.

“Aqui predomina a pecuária, mas a soja e o milho estão chegando”, diz o presidente do Sindicato Rural de Juína, José Lino, popular “Cabeção”. No município localizado no norte de Mato Grosso, grandes grupos do agronegócio buscam áreas para cultivo, inclusive por meio de arrendamento.

“Antes da pandemia tinha procura, mas cresceu mais porque o preço da soja subiu muito. Então, o pessoal (proprietários) prefere arrendar para soja do que para o gado. Os grãos estão mais rentáveis”, explica a liderança sindical.

De acordo com ele, o valor cobrado pela cessão de áreas para pastagens representa em torno de 30% da média fixada para os contratos firmados para plantio de soja. Após a colheita da soja é possível, na mesma área, plantar milho, colhendo duas safras em 12 meses. “Arrendamento é para grandes áreas, porque demanda muito investimento, maquinário terceirizado”, explica.

Em toda a região norte as lavouras de soja tem ganhado cada vez mais espaço, destaca Lino. “Em Cotriguaçu estão plantando bastante. Além de arrendar, compram (terras)”. Há rumores, segundo ele, sobre a intenção de um grupo agrícola em adquirir uma grande fazenda em Brasnorte, para converter em torno de 40 mil alqueires em sojicultura.

Especialmente na margem esquerda do rio Juruena, em Juína, há muita procura para plantio de soja, porque as áreas agricultáveis são em superfície plana. “O solo de Juína é bastante fértil. Antigamente se produzia tudo aqui. milho, arroz, feijão”, detalha.

O presidente do Sindicato Rural de Juína sustenta que a sojicultura avança somente em áreas de pastagens degradadas. “Tem muitos pastos velhos, de 25 a 30 anos, que estão sendo ocupados por lavoura”, diz. “Desmatamento não tem mais, faz muito tempo. Único desmate é quando tem invasão (de terras)”, afirma, lembrando que a legislação permite desmatar até 20% da propriedade rural localizada na Amazônia Legal. “E o corte raso também está proibido há 15 anos. Por isso, são raros os que desmatam”.

Fonte:  Gazeta Digital

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