A presença de mulheres em cargos de tecnologia ainda é tímida, no entanto várias pesquisas revelam que a participação desse público no segmento cresceu nos últimos anos. Estudo realizado pela consultoria global de tecnologia Thoughtworks, dentre os profissionais de TI as mulheres já atuam em 31,7% dos cargos, e mesmo com o crescimento feminino no segmento, ainda existem muitas barreiras para se enfrentar.
Já o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), indica que somente 20% da força de trabalho em tecnologia é provinda de mulheres, mas essa porcentagem, que corresponde a uma amostragem de 2019, deve mudar em breve.
Os números evidenciam e reforçam uma nova realidade. A figura feminina tem ganhado destaque na procura por cursos voltados à área. Essa realidade é identificada pela etech (Escola Tecnológica Desembargador Paulo Feitoza), mantida pela Fundação Paulo Feitoza (FPF tech), as mulheres representam o maior percentual de inscritas no curso técnico promovido pela fundação. Atualmente a escola oferece dois cursos de educação profissional técnica de nível médio em automação industrial, que tem um total de 80 alunos e para a grande surpresa deste total temos 29 homens e 51 mulheres, ou seja, quase 70% de mulheres.
Rosanna Lacouth da Silva, gestora educacional da Etech FPFtech, ressaltou que o grande número de mulheres inscritas no curso revela a facilitação das empresas em abrir cargos e atividades para o sexo feminino que anteriormente era bastante discriminada por fatores como cuidar dos filhos, capacitação, cuidado com a casa entre outros. “Hoje percebemos que as mulheres estão lutando pela igualdade em todas as atribuições e atividades. A questão tecnológica também facilitou para encantar e motivar as mulheres a entrarem na disputa por seu lugar nas empresas e corporações”.
Ela atribuiu a demanda pela capacitação profissional do público feminino, o desafio de vencer e superar obstáculos e ter lugar nas empresas. “Muitas vezes ainda presenciamos solicitações para que mulheres assumam esta área com a finalidade de “arrumar “o ambiente”, salientou.
Para a especialista, na área educacional não se faz distinção entre gêneros. Ela acrescentou ainda que entre os desafios para inserção massiva das mulheres no mercado de tecnologia, está a grande carga de trabalho atribuída para as mulheres, quando além de lutar para ter um espaço devido à desigualdade com os homens ainda há a preocupação com suas atividades domésticas.
O aumento do número de mulheres na área de tecnologia é um movimento muito positivo para a People Business Partner da FPF, Joana Darc da Silva Pontes, o que evidencia que o interesse do público feminino pela carreira de tecnologia tem aumentado e elas têm conseguido vislumbrar oportunidades de sucesso nessa caminhada.
“A área de tecnologia é indiscutivelmente um dos campos de atuação que mais tem gerado oportunidades no mundo na atualidade, seja no grande número de vagas ofertadas seja no desenvolvimento e crescimento profissional”.
“Visualizo que a diversidade é um item de constante e crescente atenção pelas organizações de um modo geral. Falando especificamente de TI, esse conceito é vivenciado com intensidade e estimular a presença de mulheres na área significa potencializar a inclusão, a diversidade e garantir o alcance contínuo de melhores resultados por meio desse mix de competências”, complementou ela.
Há um tempo atrás, era mais comum ver uma presença massiva de homens nos cursos voltados a tecnologia e engenharia. “Hoje, conseguimos ver esse quadro mudando, então penso que os desafios estão sendo superados, as mulheres tendem a entender o potencial de suas skills e, assim, se interessarem mais pela área de tecnologia. Vamos continuar estimulando que isso ocorra ainda mais”.
Sobre os cursos
A FPF Tech inaugurou em fevereiro a escola voltada para ensino técnico. O projeto da instituição é voltado para o aprimoramento profissional e para a promoção de pessoas qualificadas de uma forma completamente diferenciada do ensino técnico convencional, conforme os valores da Fundação.
Inicialmente, serão oferecidos dois cursos técnicos: Automação Industrial e Informática para Internet. As aulas são presenciais e, acima de tudo, focadas na parte prática para que o aluno não aprenda apenas a parte teórica, mas conclua o curso completamente preparado para atuar em um mercado de trabalho intensivo na utilização de tecnologias digitais e em contínua evolução.
A carga horária do curso Técnico em Automação Industrial é 1.290 horas, ministradas em três semestres, desse total, 60 horas serão utilizadas para a realização de atividades complementares. Já a carga horária do curso Técnico em Informática para Internet é 1.230 horas, ministradas em três semestres, desse total, 110 horas serão utilizadas para a realização de atividades complementares. Os cursos estão disponíveis com turmas nos períodos matutino, vespertino e noturno.
Empresas parceiras
Nessa primeira fase, a Foxconn e a Gertec são as empresas que estão apoiando a implantação da etech, por meio dos recursos da Lei de Informática, e serão as primeiras a se beneficiar dos cursos oferecidos para o aprimoramento dos seus colaboradores. Em um segundo momento, a etech disponibilizará cursos para a sociedade, de forma paga.