A projeção é resultado de um estudo publicado na revista Nature. O trabalho agrega informações sobre economias locais no mundo todo e os dados sobre os eventos climáticos ocorridos nos últimos 40 anos para gerar uma simulação sobre o impacto econômico desses fenômenos nos próximos 26 anos.
Os resultados reforçam o entendimento de que os danos das mudanças climáticas serão generalizados, mas dão uma dimensão mais local desses efeitos. Na pesquisa, 1.600 unidades subnacionais foram analisadas, incluindo os 27 estados brasileiros, onde é previsto uma queda na renda média da população, caso os problemas desencadeados pela mudança do clima persistam.
De acordo com o estudo, grande parte da Amazônia deve impactada com perda de renda variando entre 25% e 30%. Na região do bioma Cerrado, a queda também é em torno de 25%, enquanto que em outras regiões estima-se perdas da ordem de 10% a 20%. Quando analisada a economia mundial, os pesquisadores afirmam que a redução média de rendimento será de 19%,
“Os países menos responsáveis pela mudança climática deverão sofrer perdas de renda 60% superiores às dos países de alta renda e 40% superiores às dos países que são os maiores emissores”, explicou Anders Levermann, um dos autores da pesquisa em entrevista ao jornal O Globo.
Para os cientistas, a questão é preocupante pois demonstra como a crise do clima pode acentuar as desigualdades regionais, já que as principais afetadas estão onde a renda média da população já é baixa, como é o caso da América do Sul, a África Subsaariana e a Ásia Central, onde poderão ser observadas em aspectos como a redução da produtividade na agricultura, danos à infraestrutura e limitações de saúde dos trabalhadores.
A estimativa é que o planeta terá uma renda de US$ 38 trilhões menor a cada ano até 2050, levando em conta apenas os efeitos do aumento de temperatura decorrente das emissões de CO². Se forem consideradas outras variáveis como a seca, as inundações e o aumento do nível do mar, o impacto pode chegar a US$ 59 trilhões.
“Esses danos de curto prazo são resultado de nossas emissões passadas. Precisaremos de mais medidas de adaptação se quisermos evitar pelo menos alguns deles. E temos de reduzir as nossas emissões de forma drástica e imediata para que as perdas econômicas não fiquem ainda maiores na segunda metade do século, subindo até 60% na média global até 2100”, pontua Leonie Wenz, também autora da pesquisa.
Na avaliação dos estudiosos, os números atestam que é muito mais eficiente e barato investir em estratégias de adaptação desde já do que tentar mitigar os danos no futuro. E, para isso, a COP30 em Belém, pode trazer contribuições efetivas pois aqui devem ser debatidos os avanços, os desafios e novas perspectivas para conter o aumento da temperatura do planeta em 1,5º C.
“Isso mostra claramente que proteger o nosso clima é muito importante, e mais barato do que deixar de fazê-lo, mesmo sem considerar os impactos não-econômicos, como a perda de vidas e de biodiversidade”, destacou Leonie Wenz.
Fonte: Pará Terra Boa.