A Amazônia é um território que se espraia por nove países e, no Brasil, abrange nove estados. Um universo que é morada e propósito de diversos povos indígenas. Uma cultura ancestral, com uma relação vital junto à terra, que fala várias línguas – mas que também se urbaniza e enfrenta desafios outros em meio a cidades grandes. A pluralidade dessas vozes e olhares protagoniza o AVA – I Festival Internacional de Cinema Indígena da Amazônia. A programação segue até dia 31, em Belém, e na plataforma online, para ser acessada de qualquer lugar do mundo.
O festival exibe mais de 100 filmes, documentários, vídeo-danças, videoclipes e performances audiovisuais criadas ao longo do território de povos indígenas e comunidades tradicionais. A mostra competitiva principal traz filmes de criaçāo e produção 100% indígena, nacional e internacional.
Com programação híbrida, o projeto ocorre na plataforma AVA e no circuito cinematográfico distribuído pela cidade de Belém e ilhas. As exibições presenciais sāo gratuitas. Além disso o público que quiser acompanhar a mostra online e todo o conteúdo exclusivo pode acessar o site e fazer seu cadastro gratuito para acompanhar online todas as categorias e deixar seu voto no filme preferido da mostra competitiva.
O festival traz ainda bate-papos com especialistas sobre a Amazônia, como Márcia Kambeba, Milton Mota e Líliam Cohen. Até o fim de outubro, a programação conta com convidados que atuam na pesquisa e produção cultural, como Andréa Apolinário, Theo Soares, Vânia Braun e Marcelo Silveira, Renée Chalu, Jade Jares e Karla Braga.
Confira, a seguir, entrevista exclusiva com Jazz Mota sobre o projeto:
1. AVA nasce com a missão de dar protagonismo ao audiovisual amazônico. Jazz, comente sobre o propósito do projeto e a importância de lançar luz sobre a produção audiovisual desse território.
O propósito do projeto é, através da plataforma AVA AMAZÔNIA, criar um espaço inédito de pesquisa, conexāo, tecnologia e desenvolvimento para amazônidas, formando uma rede de visibilidade da nossa verdadeira realidade, comunicada por nós mesmos com o suporte de tecnologias globais, fazendo reverberar a voz de quem nasceu e vive aqui, e apresentar aos olhos do mundo a visão de quem defende com a própria vida esta terra.
Somos mais de 20 milhões de amazônidas. A Amazônia é composta por um multiverso muito vasto para ser definido e reduzido apenas ao olhar de quem vem de fora e se encanta por esse território extremamente vulnerável, mas infinitamente forte na sua resistência.
Somos amazônidas urbanos e aldeados que estamos aqui dentro dessa floresta, a apagar com água, com luta, com voz e com lei o fogo que quer queimar a principal fonte da mais rica biodiversidade do mundo, fonte abundante de recursos capazes de alimentar e sustentar demandas do planeta inteiro.
Portanto, este portal é um convite a reformular a resposta às urgências climáticas, biológicas e econômicas a serem resolvidas, pois somos nós a última geração a poder reverter o cenário devastador no mundo se a Amazônia não for preservada como se deve.
2. O que essa filmografia exibida pelo AVA revela?
A filmografia exibida no AVA é uma viagem entre paisagens desde o interior da floresta às margens dos principais rios e cidades que compōem o território ancestral, através dos mais variados pontos de vista, transbordantes de sons, cores, cantos e vozes originais da Amazônia. Um momento imprescindível para conhecer as mais diversificadas culturas e tradiçōes retratadas por mais de 100 filmes, documentários, vídeo-danças, videoclipes e performances audiovisuais criadas ao longo do território de povos indígenas e comunidades tradicionais, que representam 5% da população mundial, mostrando um panorama atual de como temos defendido 80% da biodiversidade da nossa floresta Amazônica e seus direitos.
No total, fazem parte da mostra 101 títulos, distribuídos entre mostra competitiva, mostra especial, mostra Jovem Amazônida e mostra Honorária. Com a participação de obras de 13 estados brasileiros (RO, PE, MT, MA, SP, RS, RN, RR, PA, AM, GO, PR, RJ) e dez países estrangeiros (Venezuela, Equador, Colômbia, Peru, Argentina, Alemanha, Itália, Rússia, Nepal e Cuba).
É muito importante transmitir toda a nossa pluralidade enquanto povos originários porque é isso que sustenta a nossa existência. A Amazônia é reconhecida política e economicamente em âmbito mundial por toda a sua importância climática e riquezas em biodiversidade e recursos, mas o mundo ainda nāo conhece direito quem faz com que tudo isso ainda esteja de pé.
Por isso AVA funciona como um binóculo virtual, para que os quatro cantos do mundo possam escutar a nossa voz, e mais do que nunca, nos enxergar e perceber que o que há em comum entre as Amazônias nesse momento é um chamado urgente de proteçāo e atençāo às necessidades básicas de um território de 7.584.421 Km² composto por 9 países, e que há séculos vem sendo negligenciado, desrespeitado e privado desde o acesso à água potável, quanto à alimento sem veneno, saúde, educaçāo, conexāo e justiça, dessa vez, revelados com o auxílio da 7° arte através da visāo de quem tem essa terra como berço, como braço e pedaço inseparável de si. O projeto oferece o cinema como ferramenta de autonomia e chave socioambiental transformadora em prol da vida no planeta e a conservação da floresta amazônica e seus povos.
Confira a programação do AVA:
• 18/10 – Ná Figueredo – 19h
Mostra competitiva
Bate-papo com Renée Chalu, Jade Jares e Karla Braga mediado por Jazz Mota
Apresentação musical de DJ Azul
• 20/10 – Museu da UFPA – 17h
Mostra competitiva
Bate-papo com Theo Soares, Vania Braun e Marcelo Silveira
• 21/10 – Gueto Hub – 19h
Mostra Jovem Amazônida
Filmes paraenses e de comunidades tradicionais da Amazônia
• 23/10 – Aruna – 10h
Sessāo solidária exclusiva para crianças e adolescentes ribeirinhos das ilhas do Combu e arredores.
Oficina “Cinema é brincadeira?”, por Jazz Mota
• 27/10 – Museu da UFPA – 17h
Mostra Jovem Amazônida
Categoria Vídeo-danças Amazônicos
Bate-papo com Andréa Apolinário
Serviço
AVA Amazônia Film Festival – segue até dia 31 de outubro. Acesse a plataforma: www.avaamazonia.com. Instagram: @avaamazoniafestival.
*Com informações do site G1