A estudante paraense Maria Janaína, de 17 anos, sonha desde criança em ser médica. Ela tirou nota mil na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), acertou todas as questões de matemática e enxerga no resultado um primeiro passo para alcançar o desejo.
Moradora de Itaituba, município no sudoeste do Pará, distante 1, 3 mil quilômetros da capital Belém, onde vive com os avós, Janaína estudou na escola particular Marechal Rondon. Ela que sempre gostou dos desafios matemáticos, teve que redobrar a preparação para alcançar boa nota na redação, disciplina que não estava entre as suas preferidas.
Ela conta que os professores depositavam confiança nos estudantes e por isso via no apoio, também dos avós, uma ponte para alcançar seus objetivos. “A nossa professora de redação fazia de tudo, dava aulas em outros turnos, até à noite, e fazia a gente praticar sempre, fazíamos duas redações por semana”.
O sonho de cursar medicina vai longe. “Sempre quis estudar na Universidade de São Paulo (USP), mas a distância me fez perceber que seria muito difícil, então eu decidi que pretendo cursar em alguma universidade pública federal, aqui mesmo no estado”.
Em casa, o apoio veio muito dos avós, ela conta. “Minha avó sempre foi uma inspiração para mim. Meus avós, meu pai, sempre me davam todo suporte, não pensavam duas vezes quando eu precisava de algum material de estudo, então eles sempre me ajudaram”.
Janaína já havia feito o Enem como teste em 2021, quando já tinha se saído bem em matemática. “Errei duas questões, sendo que uma foi anulada, então desde lá já me sentia preparada. Nessa prova de 2022, então, já cheguei mais tranquila, sem tanto nervosismo”.
Na redação, cujo tema era “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”, ela apostou nas discussões que já havia até feito dentro de sala.
“Já era um assunto que a gente falava em sala de aula, então falei da contribuição dessas comunidades para a identidade nacional, citei etnocentrismo, senti que tive até facilidade para falar do tema, e fiquei muito feliz por poder falar da importância de a prova ter dado visibilidade a essa questão”.
No dia que saiu o resultado, na quinta-feira (9), Janaína dormiu e só acordou na sexta. Talvez por conta da ansiedade, ela conta. Mas acordou com várias mensagens de amigos e professores querendo saber como tinha se saído.
“Depois que eu acordei e vi todas aquelas mensagens, fui vendo minhas notas por etapas, e quando cheguei na redação, fiquei em choque, comecei a chorar, e naquela hora parecia que tudo havia parado ao meu redor. Foi uma sensação de êxtase. Fiz um suspense pra contar pra minha professora, e na hora, ela também ficou bem feliz e emocionada, assim como eu”.
Em um pedido de conselho para outros estudantes, como se fosse um recado para uma amiga com dificuldades, o recado de Janaína é para confiar em si próprio e apostar no foco nos estudos. “Apesar das dificuldades, é importante sempre buscar o foco, e sempre ver que ainda não é o suficiente, e ficar ainda mais”.