Em Manaus, estilista Alexandre Herchcovitch indica a sustentabilidade como fator de mudanças na indústria da moda

(Foto: Cesar Catingueira)
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“É um caminho que não tem volta”. Com essa frase, o estilista Alexandre Herchcovitch enfatizou o investimento em sustentabilidade como mecanismo para fidelização de consumidores e ressignificação da indústria da moda por marcas brasileiras e estrangeiras. Presente em Manaus na última sexta-feira, 17, Herchcovitch participou de um evento sobre criação e design promovido pela Faculdade Santa Teresa e organizado pelos alunos do curso de moda da instituição.

Entre as medidas sugeridas pelo estilista para garantir a preservação ambiental estão mecanismos de reaproveitamento de peças e a economia de recursos naturais. Segundo Herchcovitch, através desses processos a indústria da moda poderá reverter a imagem negativa existente. “Se isso não mudar, a moda não vai mais ser conhecida como grande lançador de beleza e tendências, e sim conhecida como uma das mais poluidoras”, disse.

Além das mudanças a nível operacional em prol da sustentabilidade, Alexandre Herchcovitch indica que os consumidores estão cada vez mais críticos sobre a origem e matéria-prima das peças fabricadas. Com isso, as empresas que atuarem como vanguarda nesse processo irão conquistar espaço no circuito comercial.

“Uma marca que não nasça sustentável no seu alicerce ou não se torne sustentável, não vai ter muito espaço daqui pra frente porque o consumidor tá querendo saber como a roupa foi fabricada, aonde, qual foi a matéria-prima e quem fabricou. E as marcas que estiverem à frente e posicionarem os seus produtos como sustentáveis de fato, já estão à frente dos que não estão”, cita.

Segundo Herchcovitch, um entrave que impede a democratização e acessibilidade dessas peças pelo grande público são os altos custos de fabricação dos itens sustentáveis.  Para mudar esse cenário, o estilista pontua que as empresas têxteis podem atuar como vetores de mudança.

“Só quando grandes indústrias colocarem produtos sustentáveis no mercado é que os produtos vão ficar mais acessíveis a mais pessoas, justamente por questões de fabricação. Quando a gente conseguir igualar o preço de uma roupa sustentável a uma não-sustentável, o cliente vai consumir só a sustentável. Então só através dessas grandes empresas que a gente vai conseguir conquistar um mercado e um espaço maior no guarda-roupa das pessoas”.

A Amazônia no cenário internacional da moda

Em conjunto com o diálogo sobre a sustentabilidade, Herchcovitch diz que a Amazônia ganha cada vez mais abertura no cenário da moda internacional. Entre os pontos de debate está a participação ativa dos profissionais amazônidas nas criações de peças e coleções que usam o bioma como referência. Para o estilista, a presença desses profissionais permite a visibilidade sobre as causas locais e interrompe ciclos de apropriação da cultura regional.

“Acho que existiu, e existe ainda, uma apropriação indevida da cultura e do fazer, e hoje não tem mais como ser assim. Hoje a gente tem que, não somente não se apropriar, como a gente tem que contratar essas pessoas para fazer. Acho que isso tá mudando demais. Se você quer fazer um trabalho específico de uma aldeia você vai contratar a pessoa da aldeia. Então acho que é a grande mudança que está havendo hoje. E, claro que aqui na região Norte, Nordeste, todas as regiões na verdade, são riquíssimas no seu crescimento potencial cultural de centenas de anos, porque são recursos diferentes que tem aqui”, contextualiza.

Além da presença cada vez mais efetiva da Amazônia no circuito da moda, o estilista nota uma mudança da imagem do Brasil a nível internacional. Herchcovitch diz que os estereótipos existentes foram substituídos por discussões sobre pautas de preservação ambiental e desenvolvimento social.

“Ainda existem interpretações do que é o Brasil para uma pessoa de fora, no mercado internacional. Alguns estereótipos que estão sendo quebrados e se juntam ao fator ‘pulmão do mundo’, ‘Amazônia’, ‘a maior floresta tropical’. Antes, o Brasil era conhecido por samba, carnaval e futebol, e agora tem outras questões sendo elaboradas. É uma responsabilidade enorme que jogam para a Amazônia e o Brasil. Nesse panorama internacional de como veem o Brasil, incluíram a Amazônia nessa tríade e eu fico bem feliz”, concluiu.

Por: Tiago Souza

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