Um defensivo agrícola natural surge como uma alternativa sustentável aos agrotóxicos e já estão sendo utilizados nos plantios do Amapá. Trabalhadores rurais do estado, da região do Igarapé das Ármas, área rural de Macapá, receberam uma oficina que traz a alternativa com cebola e alho nos componentes principais.
O produto leva outras substâncias além dos ingredientes principais, como o enxofre e o vinagre que podem ser utilizados no manejo de pragas. A mistura ensinada aos agricultores atua contra mariposas, pulgões, moscas brancas, aranhas vermelhas, vermes, lagartas e outros.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), os agrotóxicos são mais usados nas regiões sul e sudeste, enquanto no Norte o consumo é de apenas 1% do total consumido no Brasil. No entanto, produtores buscam alternativas menos agressivas.
Substitui o agrotóxico?
Segundo Adilson Lopes, pesquisador da Embrapa, o produto é menos agressivo e preserva o meio ambiente e a saúde do aplicador. No entanto, o defensor não protege em casos mais graves, como doenças internas nas plantas.
“Se for um inseto, é facilmente atingido por esses produtos caseiros. Mas muitas das vezes tem uma doença que tá dentro da planta. O micro-organismo tá lá no interior, essas produções caseiras não conseguem atingi-lo. Mas, especialmente insetos que tão mais expostos a esses produtos caseiros, é válido”, contou.
Benefício Econômico
Gerson Pires, que é produtor rural, disse que o meio alternativo para o agrotóxico traz também benefícios econômicos, uma vez que podem ser feitos pelos próprios produtores.
“São produtos que a gente consegue com mais facilidade, a gente vem aplicar nas plantas com mais eficiência. Então são produtos que não vamos gastar tanto […] o produto natural a gente vai ter um resultado melhor e não vai agredir o ambiente ou a nossa saúde”, disse.
O agrônomo da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural do Amapá (SDR), Luís Cabral que ministra as oficinas aos agricultores, disse que no mercado, o defensor agrícola tem uma variação de preço entre R$ 20 e R$ 30. O que além de um alívio para o bolso, promove a biossegurança.
“O preço desses produtos no mercado, que é muito alto e muitas vezes o agricultor familiar não tem acesso e perde a plantação. E agora não […] ele consegue, ter os produtos naturais, fazer dentro de casa, sem problemas de contaminação”, disse.
A oficina de produção do produto foi realizada pela primeira vez no Amapá, e será levada para outras comunidades do estado através da SDR, para que o agricultor familiar conheça as alternativas e possibilidades.
Preservação ambiental
O pesquisador da Embrapa disse ainda que a efetividade do defensor agrícola natural é comprovada e sua utilização é preferível a de qualquer outros agrotóxicos, que além da contaminação em humanos, podem contaminar a superfície da água.
“Existe um agravante que é a questão da água. Como aqui existem muitos rios, o lençol freático é bastante superficial. O consumo exagerado desses produtos pode contaminar água superficial e às vezes até mesmo atingir esses lençóis”, contou.
Fonte: G1.