Debandada sem controle de garimpeiros pode causar danos sociais à região, aponta médico e diretor de ONG na Amazônia

(Foto: Reprodução)
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Prejuízos sanitários, sociais e a dispersão de atividades ilegais pela região da Amazônia legal. Esses são alguns dos danos que a debandada sem controle dos garimpeiros do território Yanomami pode trazer. A análise é de Eugenio Scannavino, médico e diretor da ONG Saúde e Alegria, e que vive na Amazônia há 30 anos onde trabalha com cerca de 80 comunidades. Scannavino falou neste domingo, 5/2, à Globonews.

Garimpeiros ilegais que atuam na Terra Indígena Yanomami começaram a fugir do território após o início de ações de repressão à atividade clandestina. Na última quarta-feira (1º), a Força Aérea Brasileira iniciou controle do espaço aéreo.

“Essas pessoas vão para as cidades vizinhas e, das cidades vizinhas, elas vão procurar outras áreas de garimpo, outras áreas onde exista menos fiscalização e vão continuar”, aponta Scannavino sobre a saída dos garimpeiros da área.

“É uma cultura da ilegalidade”

Segundo Scannavino, muitos dos garimpeiros estão inseridos numa cultura da ilegalidade e em certa medida numa tragédia social. Ele aponta que parte desse grupo vive com escasso acesso à educação, num ambiente com poucas condições de higiene e ampla disseminação de doenças como a malária, Covid-19 e outras sexualmente transmissíveis.

“Eles também são pessoas que têm pouco acesso à educação, são excluídos das políticas públicas e estão procurando alguma coisa. Eles vão procurar isso onde eles estiverem. É uma cultura da ilegalidade… Onde existe essa mineração, não só existe o dano ambiental, mas o dano social é muito grande.”

Scannavino ressalta ainda que a cadeia de atividades ilegais não se restringe ao garimpeiro da base: “A gente tem que saber o que fazer com esse contingente de garimpeiros da base, da ponta. Agora, esses garimpeiros são apoiados por alguém. Eles vendem o ouro pra alguém, existe o gerente do garimpo, existem os outros apoiadores, essa cadeia da ilegalidade vai lá em cima, não termina neles.”

Garimpo ilegal na região

A estimativa é que ao menos 20 mil garimpeiros estejam na Terra Indígena Yanomami. A ação ilegal deles causou uma crise humanitária sem precedentes no território. São pouco mais de 30 mil Yanomami na área que deveria, por lei, ser preservada. No entanto, tem sofrido com o avanço do garimpo ilegal, que só em 2022 cresceu 54%.

Crise Yanomami

A Terra Yanomami tem mais de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados de Amazonas e Roraima, onde fica a sua maior parte. São cerca de 30 mil mil indígenas vivendo na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.

A região está em emergência de saúde desde 20 de janeiro e inicialmente por 90 dias, conforme decisão do governo Lula. Órgãos federais auxiliam no atendimento aos indígenas.

*Com informações do site G1

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