No segundo programa sobre a bioeconomia da Amazônia, o Globo Repórter desta sexta-feira (18) mostrou como produtos naturais podem prevenir doenças e destacou o poder dos óleos essenciais na fabricação de medicamentos e cosméticos.
A ciência já descobriu que a Castanha-do-pará, por exemplo, faz muito bem à saúde. É rico em selênio, um mineral antioxidante, que combate o envelhecimento das células.
Muita gente descobriu ser possível ganhar dinheiro com a floresta em pé, sem desmate – é a bioeconomia.
“É sempre importante que o plantio da castanha esteja atrelado à floresta nativa para que isso seja sustentável. E que nós possamos ter essa parceria a floresta plantada e a nativa”, diz Tony Félix, advogado.
Cacau da Amazônia
A bioeconomia, além de promover o investimento em produtos sustentáveis, fortalece a pesquisa brasileira – e o cacau da Amazônia é um caso a parte. O fruto foi parar no laboratório da Unicamp, em São Paulo.
Açaí
O professor da UFPA Hervé Rogez estudou engenharia de alimentos na Bélgica e já mora no Pará há quase 30 anos. Ele fala sobre os muitos benefícios do famoso açaí – que ele diz ser apaixonado.
Na época em que ele chegou em Belém, já se falava em dieta mediterrânea – referência de vida saudável no Sul da Europa.
“Ao consumir alimentos ricos em fibras, antioxidantes, azeite de oliva, essa população era muito melhor protegida de doenças cardiovasculares e diferentes formas de câncer, do que o Norte da Europa”, destaca.
Ele afirma que o açaí tem dez vezes mais antioxidantes do que na uva preta e no vinho tinto, por exemplo.
“Ajuda muito na prevenção de doenças crônico-degenerativas, ligada ao sistema nervoso central, como a doença de Parkinson, Alzheimer, por exemplo”, completa.
Além disso, o açaí é rico em fibras e gorduras boas para a saúde – como as que estão presentes, também, no azeite de oliva. Ou seja, em um só fruto da Amazônia os pesquisadores encontraram os principais benefícios da dieta mediterrânea.
Óleos essenciais
Para cada árvore, cada folha, um cheiro diferente – a essência da floresta amazônica está guardada no Museu Emílio Goeldi, em Belém, referência em pesquisa e conhecimento científico.
Já foram identificados mais de cinco mil óleos essenciais que abrem caminho para novos medicamentos, cosméticos e perfumes. Foi o tempo em que era preciso sair da Amazônia para estudar a própria Amazônia.
O professor Guilherme Maia, da Universidade Federal do Pará, explica como a extração dos óleos pode ajudar na bioeconomia.
O óleo essencial da árvore Casca-preciosa, por exemplo, pode ser utilizado como analgésico, anti-inflamatório, além de ter ação cicatrizante, propriedades antiespasmódicas – para prevenção de cólicas menstruais.
“Ele [o óleo] apresenta atividade antitumoral contra alguns modelos de câncer, também tem atividade antimicrobiana, fungicida. Além disso, ele também pode ser utilizado na prevenção de doenças do sistema nervoso central, como o Alzheimer”, explica Joyce Kelly da Silva, pesquisadora da UFPA.
Araçá-boi
O Araçá-boi também é estudado por pesquisadoras da Unicamp, no interior de São Paulo. Conforme os primeiros resultados, o extrato do fruto se demonstrou eficaz contra as células do câncer de ovário.
“Ficamos muito entusiasmadas. (…) O intuito da gente é usar todas as ferramentas da ciência, aliado a população, empresários e academia para explorar de uma forma sustentável, e gerar recursos para produzir alimentos mais nutritivos, com apelo mais saudável”, conta Iramaia Angel Ca Neri Numa, bióloga da Unicamp.
*Com informações do site G1