A partir dos avanços sociais conquistados e assegurados por leis nos anos recentes, assuntos sensíveis passaram a ser discutidos com mais frequência nas organizações. Temas como a igualdade salarial, paridade de gênero em cargos de liderança, humanização do ambiente de trabalho e propostas de preservação dos recursos naturais fazem parte da discussão nos setores de Recursos Humanos (RH) das empresas.
Essas temáticas estão incluídas na matriz ESG, que traduzida do inglês ao português, significa um conjunto de ações que prezam pela adoção de boas práticas de gestão em três pilares de atuação: ambiental, social e governança.
Mais do que propor ideias, a ESG exige mudanças e ações concretas de curto a longo prazos para sustentação econômica das empresas. De acordo com um estudo da SAP, empresa especializada no desenvolvimento de softwares, o número de organizações que adotaram alguma política ou estratégia voltada a matriz ESG subiu de 46% em 2021 para 69% em 2022.
A pesquisa, que contou com a participação de 400 executivos em quatro países da América Latina, demonstrou que cada vez mais as instituições estão preocupadas em inserir no seu ecossistema empresarial ações que prezem pelo ESG, como explica a especialista Jandaraci Araújo.
“A matriz ESG não é um tema novo, vem dos anos 90, e que atualmente está mais assertiva com a participação das redes sociais. O ESG está relacionado a métricas nas áreas social, ambiental e de governança. Hoje é um tema bastante cobrado pelas organizações, em especial as de capital aberto, principalmente atrelado a matriz de risco dessas organizações”, comenta.
Preocupação com a questão ambiental
Outro foco de atuação do ESG visa à preservação do meio ambiente e uso racional dos recursos naturais nas cidades e países em que as empresas estão instaladas. Tema frequente de diálogo, a preservação da Amazônia passa por momentos de instabilidade política, por exemplo, sobre o financiamento de fundos para conservação do bioma e a exploração de terras demarcadas aos povos indígenas.
Para que ações sejam efetivas na região, a empresária Ilana Minev afirma que, em primeiro lugar, deve-se ouvir as lideranças na região Norte. Desta forma, será possível superar os desafios logísticos e geográficos para implantação da matriz ESG voltada ao ambiental.
“Fala-se muito no ESG na região Sul, na região Sudeste, e trazer esse tema para que as lideranças regionais na região Norte conheçam essa abordagem é fundamental. É importante trabalhar uma estratégia que você possa medir a curto e médio prazos. E estar na Amazônia é um presente, e você saber usar as ferramentas na nossa região é fundamental”, pontua.
Representante da Moto Honda da Amazônia no Congresso, João Mezari ressaltou a participação das empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM) no que tange à união do desenvolvimento econômico com a preocupação socioambiental e uso da ESG.
“Temos uma região que é geograficamente afastada do Brasil, mas que é de relevância nacional e internacional, com inúmeros segmentos. O Polo conta com mais de 500 empresas e para entender o que está acontecendo no Brasil e no mundo, é importante priorizar que o ser humano é nosso maior capital”, menciona.
Diálogo
Para incentivar projetos nas áreas de Governança, Social e Ambiental, a seccional Amazonas da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-AM) promoveu no final de agosto, a 19º Congresso Amazônico de Gente e Gestão, no Centro de Convenções Vasco Vasques, zona Centro-Sul de Manaus.
Com a participação de palestrantes locais e nacionais, o principal evento da entidade discutiu linhas de abordagem da ESG no ambiente de trabalho. Entre os principais temas dos painéis foram citadas ações para promoção da diversidade e inclusão nos postos de liderança das empresas, atuação do setor de compliance em resolução de conflitos e o uso racional de recursos naturais por empresas.
Em simultâneo ao Congresso, a ABRH-AM organizou a 19º EXPOABRH, evento voltado a exposição de parceiros afiliados a instituição. Mais de 3 mil pessoas marcaram presença no evento e 65 estandes de vários segmentos participaram apresentando e prospectando negócios.
Na visão do presidente da ABRH Brasil, Paulo Sardinha, iniciativas como o Congresso e a EXPOABRH permitem a integração dos setores de Recursos Humanos e a cooperação técnica entre as lideranças regionais e nacionais em prol da continuidade de desenvolvimento de ações na matriz ESG.
“No início da minha gestão eu dizia que a ABRH possuía um foco nas áreas de saúde e educação. Com isso conseguimos formar lideranças que vão assegurar que nossas organizações sejam produtivas e, por consequência, formar um país competitivo”, comenta.
Já a presidente da ABRH-AM, Silvana Aquino, entende que o Congresso contribuiu para um olhar mais atento das empresas. “A atenção às ações ESG têm sido uma constante nas organizações preocupadas e antenadas com as demandas do mercado, mas acima de tudo com os impactos na sociedade. Acredito que o 19o Congresso da ABRH Amazonas contribuiu e muito com profissionais e organizações presentes no entendimento da construção de uma política adequada de implementação do ESG e seus desdobramentos”, finaliza.