Amazônia tem pior abril já registrado

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A Amazônia sofreu o recorde de desmatamento para um mês de Abril desde que o monitoramento foi iniciado pelo Imazon e pelo Inpe. O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) registrou quase 1.200 km2 de floresta derrubada no último mês, enquanto o órgão ligado ao governo federal aponta 1.012 km2 de perda de vegetação. Em ambos os casos é o maior já registrado e preocupa especialistas para um novo recorde de desmatamento do bioma, após quatro anos de crescimento.

A ONG monitora a perda de vegetação desde 2008. Até o primeiro ano de mandato do presidente Jair Bolsonaro, a média para o mês de Abril era de 149 km2 desflorestados. Nos últimos três anos, no entanto, cujos recordes são superados somente pelos observados no início dos anos 2000, essa média saltou para 837 km2 – um aumento de 560%.

Neste ritmo, a ONG estima que até o fim do último ano de mandato do atual presidente a Amazônia perderá 15.390 km2 de sua vegetação, transformada sobretudo em pasto e garimpos – maiores ameaças à manutenção da floresta. O cálculo é da plataforma de inteligência artificial PrevisIA, desenvolvida pelo Imazon com parceria com Microsoft e Fundo Vale. Confirmada a alternativa, seria o maior impacto já sentido na floresta desde 2005.

A partir daquele ano a taxa de destruição sofreu uma queda vertiginosa até 2012, passando seis anos em relativa estabilidade até o governo do presidente Jair Bolsonaro. Entre 2018 e 2019 o aumento foi de 34%, contra 8% no ano anterior.

Fim do inverno

É a primeira vez que um dos primeiros quatro meses, considerados o inverno na Amazônia por conta do período chuvoso, apresenta desmatamento superior a 1.000 km2. Pelos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o valor representa um salto de 74% em relação aos alertas de desmate registrados em abril do ano passado, em torno de 580 km² – por sua vez, outro recorde histórico.

A área destruída, equivalente a todo o município do Rio de Janeiro, chama atenção pelo momento em que ocorrem. Abril ainda está dentro do período de chuvas da Amazônia, no qual, normalmente, as derrubadas são menores. O clima chuvoso impõe barreriras naturais à prática que é, em sua maioria, ilegal.

Historicamente o desmatamento se intensifica a partir de junho, com a chegada do verão amazônico, mais seco, e alcança o pico entre julho e agosto – quando também se concentram as queimadas.

Até o momento, três dos quatro meses de 2022 tiveram recordes de alertas de desmatamento. Somente março ficou um pouco abaixo do valor máximo de derrubada anterior (que foi março de 2021).

A região sul do Amazonas e norte de Mato Grosso, assim como a área conhecida como Amacro (divisa entre Amazonas, Acre e Rondônia), foram as mais impactadas pelo desmatamento. Mato Grosso foi o que mais desmatou pelo quarto mês consecutivo, com 372 km² derrubados, 31% de toda a destruição registrada na região. Em segundo lugar ficou o Amazonas, com 348 km² desmatados (29%), e em terceiro o Pará, com 243 km² (20%).

O Imazon, no entanto, considera o período de agosto de 2021 a abril de 2022 como o “calendário do desmatamento”, e neste período, o Pará lidera com 38% do desmatamento acumulado. No estado, há um problema grave em relação ao aumento da devastação dentro das áreas protegidas, como as Terras Indigenas Munduruku e Sai-Cinza, afetadas pelo garimpo ilegal que resultou na contaminação do rio Tapajós.

A Terra Indígena Yanomami, palco recente de invasões de garimpeiros e denúncias de uma série de crimes, ocupa o topo do ranking de risco da Previsia. E, em abril, foi o segundo território indígena mais desmatado na Amazônia, com uma área de floresta derrubada equivalente a 100 campos de futebol.

Os dados do Inpe são provenientes do Deter, programa que dispara alertas de desmatamento quase em tempo real e tem a função de auxiliar ações de fiscalização ambiental. Sua série histórica tem início em 2015, apesar do monitoramento ter sido iniciado antes, mas que não permite a comparação por mudanças na tecnologia. Mesmo não sendo sua função primária a mensuração de desmate, a partir do Deter é possível ver tendências de derrubada com o passar dos meses.

Já o Imazon faz seu levantamento pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). Por meio de satélites da Nasa e da ESA (Agência Espacial Europeia), o programa reporta mensalmente o ritmo da degradação florestal e do desmatamento na região captando os danos provocados por ação da exploração madeireira ou do fogo, além do corte raso, associado à conversão da área para pecuária, agricultura ou garimpo.

 

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