O Brasil testemunhou uma redução significativa de 65,8% nas áreas queimadas entre janeiro e junho de 2025, em comparação com o primeiro semestre de 2024. Em números absolutos, o país passou de 3,1 milhões de hectares queimados em 2024 para aproximadamente 1 milhão nos primeiros seis meses de 2025. Esses dados, divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) nesta quarta-feira (2/7), são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). No contexto desses esforços de combate, o Acre foi contemplado com um projeto de cerca de R$ 21 milhões do Fundo Amazônia, destinado a fortalecer as ações de prevenção e combate a incêndios florestais no estado.
A análise do Sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também revelou uma diminuição de 46,4% no número de focos de calor no primeiro semestre de 2025, comparado ao mesmo período de 2024. Ao todo, foram identificados 19.277 focos de calor de janeiro a junho de 2025, o menor dado já alcançado desde 2018, contrastando com os 35.938 focos mapeados nos primeiros seis meses de 2024.
O levantamento apontou que a redução nas áreas queimadas e nos focos de calor ocorreu em quatro dos seis biomas brasileiros. Os resultados são atribuídos a condições de seca e riscos de incêndios menos severas em 2025, após situações atípicas em 2023 e 2024, somadas a um conjunto de esforços adotado pelo governo federal em parceria com estados para enfrentar os incêndios.
“A mudança do clima tem como um de seus impactos a intensificação dos incêndios florestais. Temperaturas mais elevadas, menos precipitação e aumento da quantidade de dias consecutivos sem chuvas tornam a floresta mais suscetível à queima”, destacou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. “Prevenir e combater os incêndios é prioridade absoluta do governo do presidente Lula, que no último ano trabalhou incansavelmente junto a estados, municípios, academia, setor privado e sociedade civil para implementar um modelo de governança do fogo à altura do desafio imposto pelo aquecimento global.”
As ações governamentais incluem a contratação, em 2025, do maior contingente de brigadistas federais da história – 4.385 profissionais, representando um aumento de 26% em relação a 2024. Além disso, foi implementada a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula em julho de 2024, que estabelece a coordenação entre governo federal, estados, municípios, setor privado e sociedade civil para o fortalecimento e ampliação de medidas de prevenção, preparação e controle de incêndios.
Desde 2023, o Fundo Amazônia aprovou R$ 405 milhões para apoiar os Corpos de Bombeiros dos nove estados da Amazônia Legal na prevenção e combate a incêndios florestais. Desse total, R$ 370 milhões já foram contratados. Projetos no valor de R$ 45 milhões cada foram destinados a Roraima, Amapá, Pará, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso e Tocantins, e de aproximadamente R$ 21 milhões para o Acre e R$ 34 milhões para Rondônia.
Em janeiro de 2025, houve também a contratação de sete novos helicópteros para uso do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em ações de enfrentamento aos incêndios. A renovação da frota aumenta em 75% a capacidade de transporte de agentes e brigadistas, em 40% a quantidade de horas de voo por ano e em 133% a capacidade de lançamento de água em comparação à frota anterior.
O MMA promove encontros periódicos com especialistas de órgãos federais e da academia para analisar as projeções climáticas e o risco de incêndios florestais para os próximos meses. Embora as informações apresentadas na última reunião, no fim de junho, indicassem que a seca e o perigo de fogo estão menos críticos em 2025 na comparação com o ano anterior, a situação ainda exige atenção e acompanhamento contínuo pelos governos federal, estaduais e municipais.
Redução em quatro dos seis biomas:
Pantanal: Recuo mais acentuado nas áreas queimadas em 2025 (13,4 mil hectares), com queda de 97,8% em relação a 2024 (607,9 mil hectares). Em focos de calor, redução de 97,6%, com 86 pontos detectados.
Amazônia: Segundo melhor resultado, com redução de 75,4% nas áreas queimadas (247,9 mil hectares em 2025 contra mais de 1 milhão em 2024). Focos de calor diminuíram 61,7%, totalizando 5.169.
Mata Atlântica: Declínio de 69,7% da área atingida pelo fogo, saindo de 91,9 mil hectares em 2024 para 27,8 mil hectares em 2025. Focos de calor reduziram em 33,3%.
Cerrado: Queda de 47% nas áreas queimadas (724,6 mil hectares em 2025 contra 1,3 milhão em 2024). Focos de calor diminuíram 33,1%.
Pampa e Caatinga: Únicos biomas que registraram aumento nos dois indicadores.
Fonte: Acre Agora.