Uma cooperativa está aliando a recuperação da floresta amazônica com o cultivo de frutos nativos no Norte do país.
A história do grupo começou ainda nos anos 80, quando o Governo Federal passou a doar terras da região para estimular a produção agrícola em áreas florestais. A promessa de uma vida melhor atraiu um grande número de famílias do Sul e Sudeste para a região amazônica.
Os produtores se dedicavam à pecuária e à agricultura tradicional, mas, hoje, o caminho é o inverso. Eles se uniram para recuperar a Floresta Amazônica e ganhar dinheiro com frutos nativos.
Dona Ildete Berkenbrock e o esposo são alguns dos envolvidos na iniciativa. Em 1986, o casal catarinense se mudou para a região com o objetivo de cultivar arroz, milho e feijão. Apesar da força de vontade, a plantação não deu lucros e os dois passaram a sobreviver da extração de látex.
O fenômeno refletiu na falta de oportunidade para muitos seringueiros que, sem outras habilidades, se voltaram para as periferias dos grandes centros urbanos. Os que ficaram precisaram se adaptar.
Projeto Reca
Foi diante deste cenário que, em 1989, agricultores da região se uniram para criar o projeto Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (RECA). A iniciativa ajudou a capacitar os cooperados e deu espaço para as agroflorestas – sistema de plantio que é sustentável e faz a recuperação vegetal e do solo.
Segundo Hamilton, presidente da cooperativa, a intenção do projeto é gerar renda ao produtor através da recuperação da natureza. Assim como outros integrantes, ele viu de perto a destruição de áreas florestais pela pecuária.
Especialistas apontam que o pisoteio de gado muito compactado não deixa que o solo absorva a água.
É com o plantio de árvores nativas e matéria orgânica que o impacto no solo diminui. A maioria dos agricultores de Rondônia usa pelo menos três espécies para formar um sistema agroflorestal. Mas, quanto mais diversidade, melhor.
Na propriedade do Hamilton, a recuperação foi feita através da plantação de andiroba, amêndoas, cupuaçu, castanhas e açaí. Sempre que colhidos, os frutos amazônicos são levados para a sede da cooperativa RECA, onde funciona a agroindústria.
Beneficiamento dos frutos
Enquanto a polpa dos frutos sadios é extraída para ser processada, os produtos que estão quebrados ou com pragas são aproveitados na compostagem. Na sequência, os produtos são embalados e levados para as câmaras frias, onde ficam prontos para a venda.
Atualmente, a cooperativa tem cerca de 300 famílias associadas em Rondônia, Acre e Amazonas. São pequenos agricultores, que, em conjunto, compram insumos e comercializam as safras.
A maioria não usa agrotóxicos, sendo que 40% dos produtores têm a certificação orgânica. Eles trabalham com pelo menos 10 frutos diferentes e cultivam mais de 2 mil toneladas por ano.
Além das polpas congeladas, os cooperados garantem renda com a produção de doces, geleias e licores.
*Com informações do site G1